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Segunda-feira, 27 de março de 2017. Faltando menos de meia hora para a abertura da bilheteria, que ocorreria às 18h, uma multidão já se aglomerava em frente ao Cinema São Luiz, formando uma fila que começava na Rua da Aurora e se perdia pela Avenida Conde da Boa Vista, no coração do Recife.

A tradicional sala de exibições abriria gentilmente suas portas no primeiro dia útil da semana excepcionalmente para aquela ocasião. Era o caso do “procurador do Escândalo da Mandioca”, assassinado no início da década de 1980, que tinha virado filme. “Pedro Jorge: uma vida pela justiça” não nascia apenas como um projeto institucional.

O primeiro documentário produzido pelo Ministério Público Federal na 5ª Região, feito em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco, teve o propósito de eternizar uma história que completava 35 anos e que nunca havia sido narrada, de uma forma sistematizada, por seus próprios personagens. Era, também, uma homenagem e uma crítica.

Não apenas queria distinguir a figura de Pedro Jorge de Melo e Silva que, por acreditar nos princípios da verdade, da honestidade e da justiça, fez de seu ofício o seu sacerdócio, combatendo a corrupção até seu último sopro de vida. Pretendia, além disso, fazer uma reflexão sobre a postura que o MPF teve naquela época diante do trabalho conduzido pelo procurador da República e como esse episódio se tornou um divisor de águas entre o passado e o presente da instituição. Os quase mil lugares do cinema ocupados e as prolongadas salvas de palmas no decorrer e no final do filme foram os sinais mais evidentes de que era exatamente aquilo o que a população esperava ver.

Passadas mais de três décadas após aquele triste episódio, relembrar e reafirmar os valores defendidos por Pedro Jorge e toda a sua trajetória em busca de justiça são acalento e esperança para uma sociedade abatida por tantos ataques à sua dignidade, aos seus direitos e à própria democracia.

Apesar de triste, o assassinato de Pedro Jorge e o desenrolar do processo ressuscitam em nós a possibilidade da justa denúncia da corrupção com o dinheiro público, a necessidade de autonomia das instituições democráticas e o triunfo da justiça.

Prof. Dr. Padre Pedro Rubens
Reitor da Universidade Católica de Pernambuco

O assassinato de Pedro Jorge mudou o Ministério Público Federal. A partir desse episódio, a instituição teve de reconhecer seus equívocos e mudar suas práticas quanto ao apoio institucional e à segurança dos seus membros. Pedro Jorge se transformou, assim, num mártir do MPF.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 5ª Região